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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Jornal-Eco ,Jornal Ecologista dos Açores nº 03


                                    Jornal-Eco ,Jornal Ecologista dos Açores nº 03


                                            

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O Carnaval em São Miguel,um grande atentado ambiental com o apoio de entidades públicas.





Nos Açores o carnaval comemora-se de diferentes formas nas nossas nove ilhas. Nalgumas atinge de tal forma uma importância cultural capaz de mobilizar milhares de pessoas, estando até em estudo apresenta-lo como candidato a património cultural imaterial da Humanidade, noutras ilhas infelizmente com o patrocínio de algumas entidades públicas, é um enorme atentado ambiental.

O que começou por ser uma batalha de flores em São Miguel, passou a uma batalha de limas, e nestes últimos anos passou a ser uma batalha de milhares de sacos de plástico com água. Esta batalha tem o seu auge na Av. Infante dom Henrique em Ponta Delgada, onde algumas centenas de pessoas atiram os ditos sacos uns aos outros, ficando a marginal de Ponta Delgada com milhares de sacos de plástico no chão. 

Na batalha deste ano, Estiveram inscritas sete equipas, nomeadamente, Santa Clara, São José, Bombeiros de Ponta Delgada, Red Boys, Fajã de Cima, Arquinha e Pico de Canas – Os Mercenários, com oito camiões. Atendendo a que cada camião leva cerca de 100 000 a 120 000 sacos de plástico, mais o que as restantes pessoas levam, podemos estar a falar de um MILHÃO de sacos de plástico. Este horror ambiental com apoio de entidades públicas e da comunicação social, tem que ser de imediato suspenso, e aberto um dialogo sério na sociedade Micaelense sobre a educação/sensibilização ambiental

Numa ilha que aposta fortemente num cartaz turístico de ambiente, numa Câmara que procura transmitir uma imagem amiga do ambiente, inclusive com spots publicitários na RTP Açores, como é que permite e incentiva este enorme atentado ambiental. Como é possível ver pelas fotos, que foram tiradas pelas 19h o chão estava completamente coberto de sacos de plástico, indo parar alguns milhares deles ao mar, ao passar pela marina de Ponta Delgada passados dez dias, ainda era possível observar alguns destes plásticos no mar e no enrocamento.

 Podem dizer que a Câmara foi limpar o mais rápido possível, podem dizer o que quiserem, assim não podemos educar os nossos filhos, dizendo que se deve evitar sujar o ambiente, não usar plástico, poupar água que é um bem que infelizmente se torna cada vez mais escasso a nível planetário, quando quem deve dar o exemplo não o dá.


 A regra é esta: se não sujar não é preciso limpar.

 Deixem de ser hipócritas



sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Petição pela atribuição ao cagarro (Calonectris borealis) do estatuto simbólico de Ave Regional dos Açores

PETIÇÃO PELA ATRIBUIÇÃO AO CAGARRO (CALONECTRIS BOREALIS) DO ESTATUTO SIMBÓLICO DE AVE REGIONAL DOS AÇORES
O cagarro ou pardela-de-bico-amarelo-atlântica (Calonectris borealis) é uma das aves mais emblemáticas dos Açores, presente em todas as ilhas do arquipélago.

É a ave marinha mais abundante nas nossas ilhas, sendo o nosso arquipélago o principal e mais importante baluarte de nidificação desta espécie. Nas nossas ilhas concentra-se cerca do 75% do total da sua população mundial, estando localizadas as restantes colónias no arquipélago da Madeira, nas ilhas Canárias e no litoral continental de Portugal.

O cagarro é uma ave que desde sempre se encontra fortemente ligada ao imaginário cultural dos açorianos. Ela simboliza melhor do que qualquer outra ave a simbiose entre o meio marinho e o meio terrestre que caracteriza os Açores e as suas gentes. Durante todo o período de nidificação das aves, que vai de abril a novembro, o canto singelo e misterioso dos cagarros enche as noites da primavera e do verão por todo o litoral dos Açores. Para os pescadores, que seguem no mar ao longo do ano os seus voos e as suas pescarias, os cagarros servem de ajuda para localizar os cardumes e aumentar o rendimento das suas pescas.

Os cagarros são também os protagonistas da campanha de conservação da natureza com mais sucesso e que mais pessoas mobiliza em todos os Açores. Desde o ano de 1995 realiza-se por toda a região a Campanha SOS Cagarro, destinada ao salvamento dos cagarros juvenis que no seu primeiro voo caem em terra, desorientados por causa das luzes artificiais. Assim, todos os anos, nos meses de outubro e novembro, a Campanha SOS Cagarro mobiliza o interesse e o entusiasmo de milhares de açorianos. Desde os seus inícios há cada vez mais pessoas a participar. Nos últimos anos foi registada a participação de até 4.600 voluntários e de cerca de 315 entidades em toda a região. O seu empenho e esforço servem para resgatar anualmente um elevado número de aves, por vezes superior a 6.000 exemplares.

Tem vindo a crescer, ao mesmo tempo, uma grande sensibilidade e preocupação, por parte de diferentes entidades sociais, pela conservação e futuro desta ave. Desta forma, no ano de 2014, diversas associações ambientalistas e ecologistas assinaram um “Manifesto em defesa do cagarro” no qual era já reivindicada “a declaração do cagarro como Ave Regional, de especial interesse e protecção na Região Autónoma dos Açores”. No referido manifesto era argumentado que “ainda que nos Açores existam outras aves que seriam candidatas a este título, esta espécie é a mais abundante em todas as ilhas, a mais próxima das populações e aquela cuja protecção melhor serviria para a protecção do conjunto dos ecossistemas litorais de todo o arquipélago e de outras aves marinhas ameaçadas”.

Na altura do lançamento do manifesto, as entidades governamentais mostraram simpatia pelo proposto. Com efeito, em carta da Direção Regional dos Assuntos do Mar aos promotores do manifesto, foi-lhes comunicado que “a proposta de criação da figura de “ave de interesse regional” encontra-se sob apreciação das Direções Regionais dos Assuntos do Mar e do Ambiente e da Universidade dos Açores”. Apesar disto, não foram conhecidos, até agora, mais desenvolvimentos.

Cada vez é mais evidente, aquém e além-fronteiras, que a harmonia e convivência entre o homem e a natureza é o único caminho para nos garantir um futuro próspero e sustentável, nomeadamente num meio insular tão pequeno como o açoriano, onde essa relação entre homem e natureza é tão estreita. Mas é também evidente que a conservação da natureza passa, antes de mais, por inculcar na consciência colectiva da população o respeito pelo meio natural e por valorizar socialmente todos elementos que constituem a fauna e a flora nativas.

Sendo o cagarro, como foi dito, um elemento emblemático da natureza na nossa região, a sua valorização social será também a valorização do conjunto da natureza açoriana. A sua protecção será também a protecção do conjunto dos ecossistemas marinhos das nossas ilhas. E o respeito por esta espécie será também, em parte, o respeito pela geografia, pela história e pelo modo de vida do povo açoriano. Assim, a elevação do cagarro a ícone oficial dos Açores, ao mesmo nível de outros símbolos da região, será a melhor forma de elevar e materializar os valores antes citados a um novo e mais avançado patamar, ficando para sempre ligados, de forma espontânea, a um sentimento de orgulho entre todos os açorianos.

Mas se os ícones nos servem para dar uma nova dimensão à imagem que temos de nós próprios e do nosso modo de vida, eles servem-nos igualmente para projectar uma determinada imagem da nossa terra no exterior e entre as pessoas que nos visitam. Assim, com a associação dum símbolo natural como o cagarro aos elementos de identidade próprios do povo açoriano, o nosso arquipélago ganharia sem dúvida em estima, simpatia e prestígio entre todos os povos desenvolvidos onde a natureza é igualmente cada vez mais valorizada.

A atribuição ao cagarro do título simbólico de Ave Regional dos Açores, podendo trazer tantas vantagens, não comportaria na realidade nenhuma mudança legal no seu actual estatuto de protecção, nem afectaria à importância que é dada a outras aves igualmente emblemáticas da região, nem obrigaria à realização de quaisquer acções especiais por parte das entidades governamentais, para além daquelas que já são feitas. Com esta declaração trata-se simplesmente de outorgar uma nova dignidade a esta ave e, com ela, a todo o conjunto da natureza e do povo açoriano.

Por todo o anteriormente exposto, solicita-se que a região institua o cagarro ou pardela-de-bico-amarelo-atlântica (Calonectris borealis) como Ave Regional dos Açores.


Assine a petição aqui: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT87499