foto:direitos reservados
Foi entregue no Tribunal de Ponta Delgada na semana passada uma queixa-crime contra a Secretaria Regional da Economia e a Marques SA pelo corte ilegal da estrada de acesso á Ferraria entre 6 de Abril e 6 de Maio .
Mas o que deveria ter entrado, se fosse possível, era uma queixa apenas contra a Secretaria da Economia por destruição deliberada de património histórico.
O corte da estrada destinou-se apenas a esconder o que lá pretendiam fazer : a destruição total do último edifício de Termas em S. Miguel .
Isto depois do Presidente do Governo ter afirmado na famosa primeira pedra (em que apenas foram autorizados a passar pela PSP os carros dos amigos convidados) que : “ o projecto aprovado aponta para a recuperação do antigo edifício das Termas da Ferraria tendo sido delineada uma intervenção que , respeitando as características do local , oferece novas utilizações “ ( Açoriano Oriental , 8 de Abril ) .
Respeitou tanto que a casa das Termas foi totalmente arrasada e as suas pedras aparelhadas resultantes de milhares de horas de trabalho de artesãos da pedra numa época em que o dinheiro era escasso ( não se vivia de mesadas de Lisboa e Bruxelas ) estão agora a servir para forrar um imbecil muro de protecção das derrocadas .
Alguém conhece alguém que tenha sido ferido por uma derrocada na Ferraria ? Ou que tenha a sua viatura danificada por uma derrocada na Ferraria ?
Eu perguntei a muita gente e não encontrei ninguém aliás nem encontrei ninguém que tenha presenciado uma derrocada apenas vemos as pedras e bagacina na estrada depois dos temporais e muitas vezes até eram particulares que as retiravam .
Claro que tanto para a necessidade deste muro como para a destruição da Casa das Termas será fácil arranjar na nossa Universidade um parecer de algum geólogo de serviço aos financiamentos do Governo á UA que diga que sim que a casa estava a cair etc.
Mas todos sabemos que é mentira que a Casa das Termas foi entregue á Autonomia em bom estado , tenho fotografias de 1975 que o provam , e que a Autonomia a deixou miseravelmente ao abandono .
Mesmo assim a estrutura geral da casa estava em muito bom estado e perfeitamente possível de aproveitamento mas claro que aí não haveria pedra aparelhada para forrar o muro e fazer alguma mais valia .
Mas o muro ainda é o menos e poderá ter alguma utilidade se houver o cuidado de retirar regularmente o material que se for acumulando no interior .
Caso contrário pode ser mais perigoso que não ter nada .
Não deixa no entanto de ser um desperdício de dinheiros públicos porque aquela estrada foi aberta há poucos anos para passar a água e electricidade e o muro podia e devia ter sido feito nessa altura com custos muito inferiores .
Quanto ao projecto das Novas Termas ainda não o vi mas deve ser grandioso a avaliar pelo tamanho dos buracos que lá fizeram e pelo betão que lá vem despejando .
Alguém em seu perfeito juízo acreditará que piscinas ao ar livre e termas com um investimento inicial destes possam ter sucesso naquele local que é dos mais batidos por ventos e tempestades em S. Miguel ?
A não ser que por sucesso se entenda muitas pessoas a frequentar o local em Julho e Agosto e prejuízos de exploração o resto do ano .
Oxalá que me engane e serei o primeiro a admiti-lo até porque os tais 4 milhões sempre criariam alguns postos de trabalho reais e não dos outros virtuais que bem conhecemos .
E até porque nem sequer foram só 4 milhões era bom que o Governo divulgasse com que dinheiro a mais saiu o madeirense que comprou terrenos em zona em que não poderia construir nada ( menos ainda o tal Hotel de 8 pisos ) e viu o seu problema resolvido na totalidade quando bastaria ter sido expropriada uma pequena área á volta da Casa das Termas
Mas a questão fundamental nem é essa porque a utilização das Termas tinha cessado há muitos anos .
A questão fundamental é o Governo Regional classificar um local (e muito bem ) e logo a seguir destruí-lo , obra começada pela anterior Secretária do Ambiente de má memória que danificou gravemente a escoada lávica junto á Poça da água quente com buracos e estruturas que o mar se encarregou de destruir .
A questão fundamental é que a Secretaria da Economia sabe que a atracção das pessoas locais e estrangeiros por aquele local deriva da água do mar quente e do aspecto que aquele espaço ainda mantém apesar das selvagens intervenções de que foi vítima .
E sabe também que a obra dos tais 4 milhões de euros estourados (antes os dessem á Marques apenas por manter os postos de trabalho) não conseguirá nunca competir com aquele pequeno espaço de água quente no mar.
E prepara-se para destruir também aquele espaço onde já estão umas estruturas de madeira com pregos e pinturas na lava do chão que era suposto ser protegida dos vândalos mas pelos vistos precisa é de ser protegida das obras do Governo.
Estruturas que pressagiam mais asneira da grossa e que não trazem como as anteriores qualquer mais valia ao local que no máximo precisava de estrados de madeira no Verão e escadas em condições.
Na encosta do pequeno vulcão que uma placa da Secretária anterior nos encorajava a proteger fizeram uma espécie de muro para permitir a passagem de máquinas pesadas e a abertura do caminho até lá .
Para fazerem o que provavelmente vai ser um balneário destruíram definitivamente a individualidade e integridade de um monumento natural que geólogos dos verdadeiros dizem ser raro .
Certamente com o parecer positivo do tal geólogo de serviço.
Se um particular ou autarquia fizesse numa zona protegida um décimo do que se passa na Ferraria teria imediatamente os serviços da Inspecção do Ambiente a abrir processos , a passar coimas e levar o infractor a Tribunal .
Como estão a jogar em casa basta dizer aos inspectores que olhem para outro lado .
E assim será na Fajã do Calhau , nas obras das SCUT , na D. Beija e aonde lhes aprouver “melhorar” a natureza defeituosa .
E nem pensar em termos como acontece em todos os países civilizados uma Autoridade independente para o Ambiente que não estivesse ás ordens deste e daquele Governo e das circunstâncias eleitorais .
Curioso é que é o mesmo Secretário que apregoa a necessidade de facilitar o acesso das pessoas ao mar e aos bens naturais que manda cortar o acesso por estrada á Ferraria e se prepara para tentar afastar os utilizadores tradicionais daquele espaço natural desde os pescadores aos que simplesmente lá querem ir tomar um banho no mar sem modernices imbecis.
Note-se que a Ferraria sempre foi um local em que pescadores e banhistas dos Ginetes e daquela zona toda conviveram bem com toda a gente que vinha do resto da ilha e de fora sem as distinções artificiais que agora querem impor.
E já agora se se trata de facilitar o acesso das pessoas porque não aproveitar o excesso de capacidade das empresas de construção civil e de dinheiro do Governo e construir umas Fajãs do Calhau de raiz?
Enquanto cada açoriano não tivesse uma casinha á beira-mar numa fajã a missão deste Governo e da Autonomia não estaria completa.
Mas o que deveria ter entrado, se fosse possível, era uma queixa apenas contra a Secretaria da Economia por destruição deliberada de património histórico.
O corte da estrada destinou-se apenas a esconder o que lá pretendiam fazer : a destruição total do último edifício de Termas em S. Miguel .
Isto depois do Presidente do Governo ter afirmado na famosa primeira pedra (em que apenas foram autorizados a passar pela PSP os carros dos amigos convidados) que : “ o projecto aprovado aponta para a recuperação do antigo edifício das Termas da Ferraria tendo sido delineada uma intervenção que , respeitando as características do local , oferece novas utilizações “ ( Açoriano Oriental , 8 de Abril ) .
Respeitou tanto que a casa das Termas foi totalmente arrasada e as suas pedras aparelhadas resultantes de milhares de horas de trabalho de artesãos da pedra numa época em que o dinheiro era escasso ( não se vivia de mesadas de Lisboa e Bruxelas ) estão agora a servir para forrar um imbecil muro de protecção das derrocadas .
Alguém conhece alguém que tenha sido ferido por uma derrocada na Ferraria ? Ou que tenha a sua viatura danificada por uma derrocada na Ferraria ?
Eu perguntei a muita gente e não encontrei ninguém aliás nem encontrei ninguém que tenha presenciado uma derrocada apenas vemos as pedras e bagacina na estrada depois dos temporais e muitas vezes até eram particulares que as retiravam .
Claro que tanto para a necessidade deste muro como para a destruição da Casa das Termas será fácil arranjar na nossa Universidade um parecer de algum geólogo de serviço aos financiamentos do Governo á UA que diga que sim que a casa estava a cair etc.
Mas todos sabemos que é mentira que a Casa das Termas foi entregue á Autonomia em bom estado , tenho fotografias de 1975 que o provam , e que a Autonomia a deixou miseravelmente ao abandono .
Mesmo assim a estrutura geral da casa estava em muito bom estado e perfeitamente possível de aproveitamento mas claro que aí não haveria pedra aparelhada para forrar o muro e fazer alguma mais valia .
Mas o muro ainda é o menos e poderá ter alguma utilidade se houver o cuidado de retirar regularmente o material que se for acumulando no interior .
Caso contrário pode ser mais perigoso que não ter nada .
Não deixa no entanto de ser um desperdício de dinheiros públicos porque aquela estrada foi aberta há poucos anos para passar a água e electricidade e o muro podia e devia ter sido feito nessa altura com custos muito inferiores .
Quanto ao projecto das Novas Termas ainda não o vi mas deve ser grandioso a avaliar pelo tamanho dos buracos que lá fizeram e pelo betão que lá vem despejando .
Alguém em seu perfeito juízo acreditará que piscinas ao ar livre e termas com um investimento inicial destes possam ter sucesso naquele local que é dos mais batidos por ventos e tempestades em S. Miguel ?
A não ser que por sucesso se entenda muitas pessoas a frequentar o local em Julho e Agosto e prejuízos de exploração o resto do ano .
Oxalá que me engane e serei o primeiro a admiti-lo até porque os tais 4 milhões sempre criariam alguns postos de trabalho reais e não dos outros virtuais que bem conhecemos .
E até porque nem sequer foram só 4 milhões era bom que o Governo divulgasse com que dinheiro a mais saiu o madeirense que comprou terrenos em zona em que não poderia construir nada ( menos ainda o tal Hotel de 8 pisos ) e viu o seu problema resolvido na totalidade quando bastaria ter sido expropriada uma pequena área á volta da Casa das Termas
Mas a questão fundamental nem é essa porque a utilização das Termas tinha cessado há muitos anos .
A questão fundamental é o Governo Regional classificar um local (e muito bem ) e logo a seguir destruí-lo , obra começada pela anterior Secretária do Ambiente de má memória que danificou gravemente a escoada lávica junto á Poça da água quente com buracos e estruturas que o mar se encarregou de destruir .
A questão fundamental é que a Secretaria da Economia sabe que a atracção das pessoas locais e estrangeiros por aquele local deriva da água do mar quente e do aspecto que aquele espaço ainda mantém apesar das selvagens intervenções de que foi vítima .
E sabe também que a obra dos tais 4 milhões de euros estourados (antes os dessem á Marques apenas por manter os postos de trabalho) não conseguirá nunca competir com aquele pequeno espaço de água quente no mar.
E prepara-se para destruir também aquele espaço onde já estão umas estruturas de madeira com pregos e pinturas na lava do chão que era suposto ser protegida dos vândalos mas pelos vistos precisa é de ser protegida das obras do Governo.
Estruturas que pressagiam mais asneira da grossa e que não trazem como as anteriores qualquer mais valia ao local que no máximo precisava de estrados de madeira no Verão e escadas em condições.
Na encosta do pequeno vulcão que uma placa da Secretária anterior nos encorajava a proteger fizeram uma espécie de muro para permitir a passagem de máquinas pesadas e a abertura do caminho até lá .
Para fazerem o que provavelmente vai ser um balneário destruíram definitivamente a individualidade e integridade de um monumento natural que geólogos dos verdadeiros dizem ser raro .
Certamente com o parecer positivo do tal geólogo de serviço.
Se um particular ou autarquia fizesse numa zona protegida um décimo do que se passa na Ferraria teria imediatamente os serviços da Inspecção do Ambiente a abrir processos , a passar coimas e levar o infractor a Tribunal .
Como estão a jogar em casa basta dizer aos inspectores que olhem para outro lado .
E assim será na Fajã do Calhau , nas obras das SCUT , na D. Beija e aonde lhes aprouver “melhorar” a natureza defeituosa .
E nem pensar em termos como acontece em todos os países civilizados uma Autoridade independente para o Ambiente que não estivesse ás ordens deste e daquele Governo e das circunstâncias eleitorais .
Curioso é que é o mesmo Secretário que apregoa a necessidade de facilitar o acesso das pessoas ao mar e aos bens naturais que manda cortar o acesso por estrada á Ferraria e se prepara para tentar afastar os utilizadores tradicionais daquele espaço natural desde os pescadores aos que simplesmente lá querem ir tomar um banho no mar sem modernices imbecis.
Note-se que a Ferraria sempre foi um local em que pescadores e banhistas dos Ginetes e daquela zona toda conviveram bem com toda a gente que vinha do resto da ilha e de fora sem as distinções artificiais que agora querem impor.
E já agora se se trata de facilitar o acesso das pessoas porque não aproveitar o excesso de capacidade das empresas de construção civil e de dinheiro do Governo e construir umas Fajãs do Calhau de raiz?
Enquanto cada açoriano não tivesse uma casinha á beira-mar numa fajã a missão deste Governo e da Autonomia não estaria completa.
João Paim Vieira
1 comentário:
Concordo plenamente consigo em todos os aspectos! E irrita-me o facto de haver poucos que se preocupam. Acho que deveria haver manifestações para acabar com certos actos, que supostamente, são para nos favorecer, mas não, destroem-nos ainda mais, quer a nível monetário, quer em paisagens.
Para não falar na ferraria, que não tenho grandes conhecimentos do que anda a passar lá (apesar de estar com vontade de ir lá para tomar um banho no meu sossego), o que andam a fazer aos montes e paisagens da ilha por causa da SCUT, acho uma desgraça completa e acho que até deviam deixar a SCUT a meio. A sério, é uma vergonha. Andam a destruir tudo, por uma auto-estrada, que nos irá levar o dinheiro todo, destruir as paisagens, e criar maior stress e acidentes para quem for por lá.
As curvas da ilha são características de cá. A viagem é o mais importante, e a paisagem junto ao mar é maravilhosa! Não haverá melhor projecto de ajuda para com o Nordeste? Fica aqui a questão.
Se mais alguém estivesse interessado em mudar o mundo para melhor, deveríamos-nos unir.
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