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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Fábrica de Distillação Ribeira-grandense


Construído no final do século XIX, é um dos edifícios que mais salta à vista quando se chega à cidade da Ribeira Grande, em São Miguel, pelo lado este.


A imponente chaminé industrial há muito deixou de operar, arrastando consigo para o esquecimento a história da fábrica que já foi de álcool, de tabaco, e que em breve será de Cultura.

Agora que a construção do futuro Centro de Arte Contemporânea dos Açores estará prestes a arrancar, recorda-se parte da história de um dos símbolos da produção de álcool nos Açores.

Corria o ano de 1893, data do início da construção da Fabrica de Distillação Ribeira-grandense, e já a indústria de produção de álcool etílico estava bem implantada nos Açores.

Vinte e três anos antes, em 1870, um "pequeno grupo de capitalistas terceirenses funda em Vale-de-Linhares, freguesia de São Bento, a primeira fábrica", lê-se num estudo publicado em 1956 sobre "O regime sacarino nos Açores", de Jacinto Agostinho Pedro Nunes.

Menos de quinze anos depois, eram já duas as fábricas instaladas em São Miguel - uma na Lagoa, construída em 1882 e outra em Santa Clara, Ponta Delgada, dois anos depois. Florescia assim uma nova indústria na Região, que trazia um novo alento aos açorianos após a crise económica provocada pelo fim do ciclo da laranja.

"O álcool produzido nos Açores" prossegue o estudo, "era todo colocado no Continente e na Madeira, em condições vantajosas, tanto para industriais e cultivadores, como para os consumidores."

É neste contexto que em 1893 o ribeiragrandense Frederico Augusto Serpa inicia o processo de construção da Fábrica da Ribeira Grande, que ficaria concluído no ano seguinte. Disto nos dá conta o semanário ribeiragrandense "A Estrella Oriental", publicado entre os anos de 1869 e 1919.

Em 1894 era então criada a "Sociedade Ribeira-Grandense", com 175.000$00 investidos (3500 acções a 50$00 insulanos cada), que existiu tempo suficiente para integrar a UFAA (União das Fábricas Açorianas de Álcool), criada em 1902 para "melhor defender os interesses açorianos, orientando a produção das suas fábricas".

Pouco mais foi possível apurar sobre a evolução da fábrica da Ribeira Grande. Supõe-se apenas que a produção legal do álcool na cidade nortenha terá sido interrompida na primeira metade da primeira década do século XX, resultado do excesso de produção no arquipélago e de um muito restrictivo contexto legislativo: Em 1891, o já então "muito deficitário orçamento português", refere Jacinto Nunes, motivou uma alteração à Lei dos Meios que "autorizava o Governo a adjudicar em concurso público o exclusivo do fabrico dos álcoois industriais".

Criava-se assim o monopólio do fabrico do álcool e permitia-se a expropriação das fábricas existentes. Para evitarem a expropriação, as fábricas açorianas ficavam obrigadas aos preços de compra de matérias primas estabelecidos pela nova lei, "não podendo produzir mais álcool do que as quantidades máximas dos últimos três anos, álcool esse que seria vendido à adjudicatária por preço de 40% inferior, em igualdade de qualidade e graduação, ao que fosse fixado pelo Governo." Era o início da morte legislada da indústria açoriana do álcool.

O renascimento do espaço acontece agora pela mão da Direcção Regional da Cultura, com a construção do Centro de Artes Contemporâneas dos Açores, um espaço que, dizem os arquitectos responsáveis pelo projecto, "tematiza o diálogo entre uma construção existente - a antiga fábrica do álcool/ tabaco - e novas construções - fábrica de cultura/ produção de arte."

Reportagem: Isidro Fagundes

Pode ver a mais diversa informação sobre este projecto ---> aqui

No minimo devem ser uns 15 milhões para esta grandiosa obra, e o nosso museu do mar onde está ? Possivelmente temos mais arte contemporânea do que ligação ao mar ......

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