O civismo ambiental dos Micaelenses, nomeadamente sobre a sua orla costeira, deixa
muito, mesmo muito a desejar.
Infelizmente, nos últimos tempos
temos vindo a constatar que, cada vez mais, a orla costeira da Lagoa tem
sofrido atentado após atentado, não tendo, pelo contrário, o carinho que merece,
desde já devido à sua beleza e não só, pois em termos geológicos o seu valor é
enorme.
Em fins de Setembro, a Associação
Amigos do Calhau conseguiu, após algumas ameaças de queixa às autoridades, que
um empreiteiro retirasse o entulho que tinha atirado para o calhau. Nesta
situação que vemos nas imagens, não sabemos quem terá feito isto, portanto quem
o fez não terá sido apanhado em flagrante e, por isso, ficará impune, ficando o
entulho possivelmente neste local durante uma eternidade, já que o mesmo local
só tem acesso através de escalada.
Escalada esta que já tinha sido
realizada pela Associação em 2006 em colaboração com o Calag e a Câmara da
Lagoa para limpar esta mesma falésia.
Passados 6 anos, nada mudou: a
relação do ser humano com o ambiente em São Miguel é muito problemática; são
cada vez mais os problemas sociais, que levam ao vandalismo e à degradação; são
as prioridades das autoridades que cada vez mais gastam o dinheiro em centros
de interpretações e obras megalómanas como a famosa praia da lagoa das
Sete-Cidades, que até dá a parecer que o que se quer é encaminhar os poucos
turistas diretamente para estes sítios porque o resto da ilha está uma lixeira.
A educação ambiental nos Açores
deixa muito a desejar, temos uma direção dos assuntos do mar que só vê minérios
valiosos no fundo do mar, como forma de, possivelmente, ultrapassarmos esta
crise financeira (valores) que estamos a passar. Não sei em São Miguel quem é o
representante desta direção, já que existe neste governo um diretor do ambiente
e um diretor dos assuntos do mar, mas gostava de saber.
A fiscalização é outro dos
problemas: as Juntas de Freguesia são meros agentes passivos, que em muitos
casos só servem para ajudar na festa da paróquia; as Câmaras Municipais dizem
que não tenham dinheiro ou meios para aplicar as coimas que devem ou deviam ter
nas suas posturas camarárias; o Parque Natural de Ilha gasta o dinheiro todo em
obras faraónicas, ficando os vigilantes da natureza sem uma estrutura forte de
apoio funcional. Resta-nos o Sepna, que se tem desdobrado em mil trabalhos,
mas que diz que se o delator não for apanhado em flagrante, nada pode fazer.
Então, em que ficamos? Com as
Associações de defesa do Ambiente?
Coitadas, estas parecem estar
mais mortas do que vivas!
Bem hajam.
José Pedro Medeiros
Sem comentários:
Enviar um comentário