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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Atentado ambiental na orla costeira da Lagoa mesmo ao cair do pano de 2012



O civismo ambiental dos Micaelenses, nomeadamente sobre a sua orla costeira, deixa muito, mesmo muito a desejar.
Infelizmente, nos últimos tempos temos vindo a constatar que, cada vez mais, a orla costeira da Lagoa tem sofrido atentado após atentado, não tendo, pelo contrário, o carinho que merece, desde já devido à sua beleza e não só, pois em termos geológicos o seu valor é enorme.
Em fins de Setembro, a Associação Amigos do Calhau conseguiu, após algumas ameaças de queixa às autoridades, que um empreiteiro retirasse o entulho que tinha atirado para o calhau. Nesta situação que vemos nas imagens, não sabemos quem terá feito isto, portanto quem o fez não terá sido apanhado em flagrante e, por isso, ficará impune, ficando o entulho possivelmente neste local durante uma eternidade, já que o mesmo local só tem acesso através de escalada.

Escalada esta que já tinha sido realizada pela Associação em 2006 em colaboração com o Calag e a Câmara da Lagoa para limpar esta mesma falésia.
Passados 6 anos, nada mudou: a relação do ser humano com o ambiente em São Miguel é muito problemática; são cada vez mais os problemas sociais, que levam ao vandalismo e à degradação; são as prioridades das autoridades que cada vez mais gastam o dinheiro em centros de interpretações e obras megalómanas como a famosa praia da lagoa das Sete-Cidades, que até dá a parecer que o que se quer é encaminhar os poucos turistas diretamente para estes sítios porque o resto da ilha está uma lixeira.


A educação ambiental nos Açores deixa muito a desejar, temos uma direção dos assuntos do mar que só vê minérios valiosos no fundo do mar, como forma de, possivelmente, ultrapassarmos esta crise financeira (valores) que estamos a passar. Não sei em São Miguel quem é o representante desta direção, já que existe neste governo um diretor do ambiente e um diretor dos assuntos do mar, mas gostava de saber.
A fiscalização é outro dos problemas: as Juntas de Freguesia são meros agentes passivos, que em muitos casos só servem para ajudar na festa da paróquia; as Câmaras Municipais dizem que não tenham dinheiro ou meios para aplicar as coimas que devem ou deviam ter nas suas posturas camarárias; o Parque Natural de Ilha gasta o dinheiro todo em obras faraónicas, ficando os vigilantes da natureza sem uma estrutura forte de apoio funcional. Resta-nos o Sepna, que se tem desdobrado em mil trabalhos, mas que diz que se o delator não for apanhado em flagrante, nada pode fazer.
Então, em que ficamos? Com as Associações de defesa do Ambiente?
Coitadas, estas parecem estar mais mortas do que vivas!
Bem hajam.
José Pedro Medeiros

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