PONTA DELGADA (1961-2001)
Características técnicas:
Características técnicas:
Navio de passageiros e carga a motor, construído de aço, em 1960-1961. Nº oficial: H 480; Indicativo de chamada: CSHL. Arqueação bruta: 1.054 toneladas; Arqueação líquida: 476 toneladas; Porte bruto: 430 toneladas. Deslocamento leve / máximo: 746 / 1.176 toneladas. Capacidade de carga: 1 porão para 359 m3 de carga geral. Comprimento ff.: 67,17 m; Comprimento pp.: 60,00 m; Boca: 10,20 m; Pontal: 6,25 m; Calado: 3,51 m. Máquina: 1 motor diesel Sulzer de 7 cilindros, modelo 7 TAD 36; potência de 1.575 bhp a 260 rpm; 1 hélice. Velocidade: 13.5 nós (máx. 14 nós). Passageiros: 400 (74 - turística, 64 – 3ª classe, 262 sem acomodação. Tripulantes: 32. Custo: 27.347.000$00.
História:
O PONTA DELGADA foi construído em Lisboa por NAVALIS – Sociedade de Construção e Reparação Naval SARL. (construção nº 191), por encomenda da Empresa Insulana de Navegação, destinando-se a substituir o ARNEL (1.026 TAB / 1955) no serviço de cabotagem nos Açores. O contrato de construção foi assinado a 10-03-1960 com o Estaleiro Naval da CUF, que em 30-12-1960 deu lugar à NAVALIS. A quilha foi assente a 14-11-1960 e o casco lançado à água em 3-04-1961, sendo madrinha a Sr.ª. Dª. Maria Madalena Pinto Basto Bensaude. O PONTA DELGADA foi entregue à EIN em 27-12-1961, sendo seu primeiro comandante o capitão Armando Gonçalves Cordeiro. O navio foi visitado pelo Ministro da Marinha, almirante Fernando Quintanilha a 3-01-1962 e registado na capitania do porto de Lisboa a 12-01-1962. Em 17-01 saiu de Lisboa para Ponta Delgada (19-01) na sua primeira viagem e em 30-01 iniciou a cabotagem largando de Ponta Delgada para as ilhas do Grupo Central. Em Agosto de 1966 o PONTA DELGADA efectuou um cruzeiro Lisboa – Funchal – Lisboa fretado à Federação Portuguesa de Vela. Por fusão das empresas Insulana e Colonial em 4-02-1974, foi criada a CTM – Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos SARL, para quem transitou nesta data a propriedade do PONTA DELGADA, ao qual foi então atribuído o nº. oficial I 463. O navio assegurou o serviço de passageiros entre as ilhas dos Açores durante 22 anos. Imobilizado em Lisboa de 5-12-1983 a 14-05-1984, o PONTA DELGADA regressou aos Açores onde operou até 19-10-1984, regressando a Lisboa (22-10) onde ficou imobilizado. A 16 e 17-08-1985 o PONTA DELGADA foi fretado para ser efectuada a bordo a rodagem de um filme, efectuando a última saída para o mar com as cores da CTM. Em 23-09-1985 foi vendido à COMTRAMAR – Companhia de Transportes Marítimos, de Lisboa, por 15.000.000$00, permanecendo imobilizado em Lisboa. Em 5-07-1986 o navio efectuou um cruzeiro Lisboa – Sesimbra – Lisboa, após o que sofreu uma modernização no estaleiro na Lisnave – Rocha, sendo adaptado para cruzeiros costeiros. Em 8-08 saiu para Portimão para efectuar cruzeiros na costa do Algarve, regressando a Lisboa a 26-09-1986. Funcionou como bar e restaurante atracado na doca de Alcântara até 01-1987. Em 10-1987 o PONTA DELGADA teve a chaminé aumentada e modernizada em Lisboa. Fretado à companhia grega Marine Faith, do Pireu, o PONTA DELGADA saiu de Lisboa a 5-01-1988 com destino a Moçambique, escalou Las Palmas, Tenerife, Dacar e Walvis Bay, entrando no Maputo a 4-02. Em 9-02 foi entregue ao Governo Moçambicano, iniciando a 17-02 a primeira de uma série de viagens na costa de Moçambique, onde operou até 18-08. No regresso de Moçambique fez escalas em Walvis Bay, Dacar e Funchal, onde esteve de 25-09 a 6-12, entrando em Lisboa pela última vez em 8-12-1988. Após 13 anos imobilizado em Lisboa acabou abandonado e vandalizado no cais do Poço do Bispo, onde se afundou a 3-06-2001 por alagamento do casco. Em Dezembro de 2007 começou a ser desmantelado no local do afundamento.
Texto e foto da autoria do blogue: SHIPS & THE SEA - Blogue dos Navios e do Mar
O navio Ponta Delgada, atracado e em parte afundado na Muralha Norte do cais do Poço do Bispo, encontra-se em processo de desmantelamento. A sua total remoção será feita até finais de Abril.
Esta operação da APL – Administração do Porto de Lisboa está em curso desde Dezembro e prevê a amarração do navio ao cais e montagem de escadaria de acesso, numa primeira fase, e posterior corte e desmantelamento interior e das partes superiores do navio. Já em terra, os resíduos vão ser guardados em contentores e enviados para reciclagem e para a siderurgia nacional no Seixal.
Durante todo o processo, a APL garante a instalação de medidas de segurança e de protecção ao ambiente, como barreiras antipoluição na água, e materiais de combate à poluição em terra.
Processo em curso desde 1998
O Ponta Delgada encontra-se atracado, desde 1998, na Muralha Norte do Cais do Poço do Bispo. A 3 de Junho de 2001 verificou-se o seu parcial afundamento.
O navio, à data, era propriedade da Contramar – Companhia de Transportes Marítimos, S.A. A empresa declarou falência em 1997 e foi alvo de diversos processos para apuramento da sua propriedade, devido a alegadas vendas no âmbito da liquidação do seu activo.
Só em 2006 a Capitania do Porto de Lisboa confirma que a embarcação permanece registada como propriedade da Contramar. O Ponta Delgada é então declarado em situação de abandono inavegável e insusceptível de reparação.
Em 2007, a APL recebeu uma proposta de uma empresa para a remoção da embarcação do Cais do Poço do Bispo, sem custos, com a contrapartida da entrega do navio para desmantelamento e posterior reciclagem.
Não estando autorizado o desmantelamento pela Capitania, a APL explorou todas as vias legais existentes no sentido de ver reconhecido e declarado o abandono do navio e a respectiva posse. A APL pretendia criar, com este processo, um precedente legal para poder desbloquear outros semelhantes na sua área de jurisdição.
Dentro do quadro legal em vigor, que apresenta lacunas no que diz respeito a navios abandonados e seu destino, a APL desenvolveu contactos com a Alfândega e procedeu ao envio de ofícios aos supostos interessados concedendo um prazo para reivindicação da propriedade do navio. Na ausência de respostas, afixou edital a informar da intenção da tomada de posse da embarcação pela APL, caso ninguém reclamasse a sua propriedade.
Percorrido este processo jurídico-administrativo, a Capitania do Porto de Lisboa publicou, ainda, novo edital para que eventuais interessados pudessem reclamar da intenção de se autorizar o desmantelamento. A autorização foi finalmente concedida à APL em Novembro de 2007.
Foto e noticia do desmantelamento do Ponta Delgada da autoria do Porto de Lisboa
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